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História do Museu _edições

Rafael Bordalo Pinheiro
O Museu. Um Apêlo Malogrado

Cruz Magalhães, 1916  

Rafael Bordalo Pinheiro. O Museu. Um Apêlo Malogrado

(ante-catálogo do Museu Rafael Bordalo Pinheiro)

Cruz Magalhães (1864-1928)

Porto: Renascença Portuguesa, 1916

MRBP/CAT 0374

documento digitalizado: direitos de reprodução reservados

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Por iniciativa de um poeta republicano e defensor da arte e cultura do País, Arthur Ernesto de Santa Cruz Magalhães (1864-1928), a 6 de Agosto de 1916, o Museu Bordalo Pinheiro abriu ao público. Quatro salas de exposição davam a ver a colecção por si reunida, sobretudo de obra gráfica do artista. Foi então publicada a obra Rafael Bordalo Pinheiro. O Museu. Um Apêlo Malogrado, ante-catálogo do Museu Rafael Bordalo Pinheiro, da autoria do coleccionador.

A obra corresponde a um “ante catálogo” do museu, na qual o Autor refere o seu gosto pela obra do artista, as suas motivações para reunir uma colecção que lhe fosse dedicada, o projecto de criação de um museu aberto ao público e os seus objectivos. É composta por um “Preambulo” e pelos seguintes capítulos: “Rafael Bordalo Pinheiro, notas prévias”, “O Museu”, “Um apêlo malogrado” e uma lista de “Protetores do Museu Rafael Bordalo Pinheiro”.

Escreve Cruz Magalhães:

“Como surgiu a ideia inicial dêste Museu?

Duma remotissima conversa entre dois ferverosos admiradores do genial caricaturista: Luís Calado Nunes e eu. De começo tratei de adquirir o mais que podia com o méro intuito egoista de formar albuns em que me fosse facil, e aos meus restritissimos amigos, gozar as cintilações fulgentes dum talento esfusiante, ubérrimo, que tão belamente resaltam de toda a obra, simbolica e hilariante, a mais não sêr, do fecundissimo Rafael Bordalo Pinheiro. […] Quem sabe se na mira de contrabalançar involuntarios erros, insensivelmente acodem idéas de bem-fazer, e opera-se a suave transformação de algum egoismo renitente num grato desejo de ser util, de fazer compartilhar do maior numero de individuos certos bens, que para nós proprios reserváramos? Seria por semelhante tendência anímica que resolvi tornar o Museu facilmente acessível, e por minha morte propriedade da cidade de Lisbôa? Mover-me-ia o desejo de incitar todos os que melhor do que eu podem organizar museus particulares, tão abundantes nos países estrangeiros? O impulso de homenagear um glorioso Artista Português, morto, tenho eu a firme certeza que me instigou.”