Em plena crise financeira da Fábrica de Faianças das Caldas da Rainha, o artista cria esta obra monumental, testemunho da mentalidade da época e da sua capacidade técnica e artística. A partir de uma forma da olaria tradicional, a talha ou bilha, Rafael Bordalo importa todo um programa decorativo à memória dos Descobrimentos, enaltecendo a pátria. Recorre à arquitetura gótica e a uma gramática ornamental manuelina e etnográfica. Uma cinta de arcarias, cabos, redes de pesca, peixes e azulejos miniatura enquadram os retratos do infante D. Henrique e do poeta Luís de Camões, assim como duas cenas com caravelas. O cordame forma as asas e, no gargalo, repetem-se arcos preenchidos com micro esculturas da Paixão de Cristo. Serve de tampa um telhado luso, com figuras aladas pendentes, encimado por esfera armilar e cruz de Cristo. A talha assenta numa base revestida por azulejo padrão e brasões da rainha D. Leonor e das quinas de Portugal. Foi comprada pelo rei D. Carlos e está no museu desde 1926.