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Voltar à página anterior. José-Augusto França e Bordalo Pinheiro

O Museu Bordalo Pinheiro prestou homenagem ao historiador e crítico de arte José-Augusto França com uma mostra bibliográfica integrada na exposição Bordalo em Trânsito. Inaugurada a 16 de novembro de 2021, data em que completaria 99 anos, esta exposição encerrou em Setembro de 2022.

José-Augusto França (Tomar, 16.11.1922 – Jarzé-Villages, 18.09.2021) foi uma figura de referência da cultura portuguesa, com uma vasta e muito relevante obra nos campos da História da Arte e da Cultura dos séculos XIX e XX em Portugal.

É o seu importante legado para o estudo da vida e obra de Rafael Bordalo Pinheiro que pretendemos relembrar com esta exposição, que revisitou a sua produção historiográfica.

José-Augusto França. D.R.

Rafael Bordalo Pinheiro na obra de José-Augusto França

A Bordalo Pinheiro – “caricaturista arguto” e “autor dos melhores jornais humorísticos lisboetas”, como o definiu –, dedicou-lhe em 1967 um capítulo em A Arte em Portugal no século XIX (1967), onde destaca, com olhar crítico, a relevância artística e documental da sua produção, tanto no campo da caricatura como da cerâmica.

Zé Povinho, evocado na conclusão do estudo Le Romantisme au Portugal- Etude de Faits Socio-Culturels (Paris, 1975), seria, posteriormente, objecto de observação atenta e interpretação cuidada, nas diversas cenas em que foi inserido (Zé Povinho 1875 (1975)).

Aqueles e outros estudos culminariam na obra de grande folgo Rafael Bordalo Pinheiro, o Português tal e qual (1982), em cujo prefácio, o autor faz referência às coleções do Museu Bordalo Pinheiro e dedica algumas palavras a Julieta Ferrão, então sua diretora, que, segundo o mesmo, “(…) lhe forneceu pistas e precisões que lhe permitiram ou o levaram a situar o artista [Bordalo Pinheiro] onde ele deve estar, em sítio cimeiro da arte portuguesa do seu tempo”.

A este propósito importa ainda destacar o papel do historiador na divulgação da obra de Rafael Bordalo Pinheiro em contexto internacional ao dedicar-lhe a secção – Rafael Bordalo Pinheiro et la Société de Son Temps –, na mostra Soleil et Ombres. L’Art Portugais du XIXème Siècle (Paris, 1987).

A sua ligação ao Museu manteve-se, e quando este reabriu as suas portas, em 2005, com uma nova exposição da coleção, França contribuiu para o Guia do Museu com o texto O Zé Povinho, Sempre o mesmo.

O Museu Bordalo Pinheiro disponibiliza ainda uma bibliografia completa com os artigos e obras de José-Augusto França dedicados a Rafael Bordalo Pinheiro, e um conjunto de textos do historiador com comentários às caricaturas de Bordalo.