Núcleo “Zé Povinho, Identidade e Política” | Legendas
Em Zé Povinho, Identidade e Política, a principal criação de Bordalo, o glorioso Zé Povinho, mostra a sua garra e, naturalmente, a falta dela também. Esta representação simbólica do povo português apresenta um caráter e atitudes perante o poder que vão da indiferença e da passividade à vontade em reagir e assumir um papel de cidadão ativo e responsável. Zé Povinho põe à prova a paciência da Maria enquanto se encolhe sob a albarda com que o carregam ou devolve aos “carrascos” um valente manguito, libertando-se da carga – assumindo o gesto a filosofia possível. A genialidade desta criação de Bordalo faz-se pela prova do tempo e pela estimulante apropriação que outros artistas continuam a fazer da personagem, quase 150 anos depois.

Santo António de Lisboa: – P´rá cera do Sant Antó…
A mais antiga referência à personagem dá-nos conta de um Zé Povinho surpreendido por uma figura infantil com cara de velho (António Serpa Pimentel, Ministro da Fazenda) que lhe pede uma esmola para a cera de Santo António, apontando para o altar. Esta metáfora da relação entre governo e povo completa-se com um Santo António de bigode (Fontes Pereira de Melo, Primeiro-ministro), com um menino Jesus ao colo (Rei D. Luís I), e ainda um senhor sentado com um chicote que observa a cena (João Bento Pereira, comandante da guarda municipal de Lisboa).
O Zé Povinho reage com um sorriso, entregando as moedas (todas as que tem, vejam os bolsos!) e coçando a cabeça, porque se sente desconfortável.
A Lanterna Mágica, 12/06/1875

Diálogo Entre Zé Povinho e Opposições da Silva
Um mês depois da criação da personagem, num registo próximo da Banda desenhada, um diálogo com a “oposição da Silva” que vai denunciando a condição do Zé Povinho: sapatos rotos, bolsos vazios, sem entender os papéis, que gosta de grandes reinações e de dormir.
Bordalo denuncia assim este povo que “não percebe que é o dono da casa e contenta-se em ser um bom criado.”
Suplemento, 17/07/1875

O Zé Povinho na História
«Nunca se levanta que não se deite» mostra-nos a inconstância do povo português ao longo da história do século XIX, enunciando os momentos em que assistiu, sem reagir, à perda das liberdades e aqueles em que lutou pelos valores liberais,
Primeiro, a fuga de D. João VI para o Brasil (1807 e não em 1801), a reacção à revolução liberal de 1820, que terminaria com o regresso do rei absolutista D. Miguel, em 1832; Ainda a revolta Setembrista de 1836 que terminou com a paz do Gramido, em 1851; finalmente a reacção ao ultimato inglês de 1890 a que se sucederia o estado de “soneca real” que se vivia em 1903.
A Paródia – Comédia Portuguesa, 23/07/1903
Indiferente

Álbum das Glórias – O Soberano!
O Soberano é uma das folhas do Álbum das Glórias que Bordalo editou com as principais personalidades da vida política, cultural e social da sua época. O verso de cada folha deste álbum tem uma biografia humorística do representado, feita por importantes escritores.
Neste caso, Ramalho Ortigão (João Ribaixo) revela-nos um Zé Povinho junto à albarda e de mãos nos bolsos, em que a sua mãe é a Carta Constitucional e o pai o Parlamentarismo, e manifesta o desejo de que cresça para que “um dia virá talvez em que ele mude de nome para, em vez de se chamar Zé Povinho, se chamar simplesmente povo”.
Álbum das Glórias, 1880

O Arraial de Santo António
Num ambiente de arraial de Santo António, Bordalo desenha o Primeiro Ministro José Luciano de Castro a saltar sobre uma fogueira onde ardem a História, a Constituição, a Fortuna pública e as Liberdades. Enquanto isso, o Zé Povinho dança alegremente, sem se preocupar com o que se passa.
A Paródia, 13/06/1900

A Actualidade: A Indiferença Mascara a Miséria
Nesta alegoria, a Indiferença, mulher à direita, estende a máscara de uma mulher bela e bem vestida sobre uma mulher acompanhada dos dois filhos de vestes rasgadas e subnutridos, que estende a mão, pedindo esmola. Ao fundo um baile elegante acentua a desigualdade social desta cena.
O Zé Povinho, deitado, mantém-se indiferente ao que se passa em cima de si.
A moldura do desenho denuncia a forte influência que a Arte Nova teve sobre Bordalo, onde os corvos surgem como aves de mau agoiro.
A Paródia, 26/06/1901

Estados dos Corpos e das Almas no Presente Verão de 1902: À Sombra dos Imortais Princípios – As Duas Soberanias
O desenho publicado numa semana quente de Julho mostra o Zé Povinho (que parece ressonar!) e o rei a dormir debaixo de uma árvore, com o título as duas soberanias, reconhecendo assim o povo com a mesma dignidade do rei. A critica centra-se na inatividade de ambos.
Notamos também que o rei é representado de forma pouco respeitosa, com um grande traseiro e com a cara escondida.
A Paródia, 02/07/1902

O Dia de Reis – O Rol dos Santos Reis
Um Zé Povinho adormecido com uma albarda a servir de almofada tem sobre as suas costas todos os reis de Portugal, desde o Conde D. Henrique a D. Luís, que puxa já para cima do Zé o seu filho, o futuro rei D. Carlos.
A legenda “levantar-se-há?” remete para o desejo de que o povo reaja e, ao levantar-se, faça cair os reis e, com eles a Monarquia.
O desenho e foi publicado a 6 de Janeiro, Dia de Reis, fazendo uma propositada confusão entre o calendário litúrgico e o estado político do país, a monarquia.
O António Maria, 06/01/1881
Mal tratado

Depois das Eleições
Um Zé Povinho sentado no chão, em pose submissa, tem sobre si uma enorme albarda (uma espécie de sela com que se carregavam as bestas para o transporte de mercadorias), simbolizando todas as injustiças com que os políticos carregavam o povo.
O António Maria, 09/09/1880

As Cabeças de Abrir e Fechar
Bordalo brinca com um espectáculo a que assistira no Circo Price, em que palhaços mostravam as suas ideias, abrindo as cabeças. Alude à mesma técnica para mostrar o que ia dentro das cabeças de personalidades da vida política, social financeira e cultural.
Uma destas personalidades era o Zé Povinho que, dentro da cabeça, apenas tinha uma albarda, mostrando a sua resignação aos maus tratos de que era vítima.
O António Maria, 18/11/1880

A Horta Constitucional
Zé Povinho está sentado no chão de uma horta, com a cabeça apoiada numa albarda, ao lado de um poço de onde uma nora tira água.
Olhando melhor, percebemos que o poço é, o bolso das calças do Zé e que os alcatruzes da nora têm as caras dos ministros e que, em vez de água, esta nora tira moedas daquele poço/bolso.
Vemos também que os legumes da horta que as moedas vão “regar” são, as figuras da casa real: o rei D. Luís é um repolho, os príncipes Luís Filipe e Carlos são duas flores, o infante D. Augusto é uma couve e o conselheiro Arrobas um pepino.
O António Maria, 28/07/81

A Partida
O primeiro ministro, Fontes Pereira de Melo, está travestido de lavadeira saloia, que parece carregar um burro, neste caso, o Zé Povinho com uma trouxa de roupa. A coroa e o ceptro que se escapam da trouxa deixam adivinhar que esta carga é a lista civil, isto é, o orçamento da casa real.
Num dos alforges podemos reconhecer elementos da família real: rei D Luís, o infante D. Augusto e o príncipe D. Carlos.
O António Maria, 10/05/1883

Retrato Novo da Política Velha
O Zé Povinho, de gatas, tem sobre as suas costas a Carta constitucional transformada num balancé que Fontes Pereira de Melo e Anselmo José Braamcamp montam.
Com este jogo, Bordalo mostra como os dois políticos, chefes dos principais partidos, se alternavam no poder, num regime que ficou conhecido como Rotativismo.
O António Maria, 30/06/1881

A Escada de Zé
Um Zé Povinho tem apoiada nas suas costas uma escada, por onde sobe o político Mariano de Carvalho.
Este desenho é uma metáfora que denuncia como alguns políticos fazem carreira galgando as costas do povo.
A Paródia, 18/03/1886

Como Ella Cresce!…
Fontes Pereira de Melo é representado como uma espinha na garganta do Zé Povinho. Na cabeça tem uma coroa que representa a sua ambição de poder.
Numa divertida e arrojada solução gráfica, Bordalo faz a coroa percorrer todas as páginas do jornal, como forma de parodiar o tamanho da ambição e do espinho que estrangula o Zé Povinho.
Pontos nos ii, 18/06/1885

O Último Imposto
Um Zé Povinho, carregado de impostos e já sem dinheiro para pagar mais, entrega a pele ao Primeiro Ministro, Fontes Pereira de Melo, que a recebe, tendo ao lado o Rei D. Luís (de cara tapada) e o comandante da Guarda Municipal, o general Macedo.
Ao fundo uma cena denuncia a violência desta Guarda sobre o povo.
O António Maria, 10/01/1885

A Sentença do Tribunal de Berna
O Réu
Em Março de 1900, o tribunal internacional de Berna condenou Portugal a uma pesada indemnização à Grã-Bretanha e aos EUA, pela expropriação dos caminhos-de-ferro de Lourenço Marques.
Bordalo desenha um Zé Povinho, moribundo que ouve com desespero a sentença que o deixa ensanguentado, na miséria, ignorância e com maior carga de impostos.
Sobre o Zé pairam, como nuvens negras, os ministros do governo.
A Paródia, 11/04/1900

O Dia D´Hoje
Galeria Clássica do António Maria
A Ceia de Zé
Inspirado na “Ultima Ceia” de Leonardo da Vinci, Bordalo apresenta um Zé Povinho no lugar de Cristo rodeado dos apóstolos, membros dos dois principais partidos políticos. A mesa cheia de alimentos está vazia apenas em frente ao Zé que pode servir um prato vazio com uma travessa de impostos.
Esta gravura foi alvo de um processo em tribunal, no qual Bordalo foi acusado de profanar imagens religiosas e de que foi absolvido.
O António Maria, 06/04/1882

A Ceia do António
A ceia de António é a reacção de Bordalo à acusação sobre a Ceia de Zé (imagem anterior). Após tomar conhecimento de que fora absolvido em tribunal, o caricaturista autorrepresenta-se no lugar de Cristo e do Zé Povinho como vítima das figuras ligadas ao julgamento, como cópia do que aconteceu no tribunal da Boa-Hora.
O episódio revela como Bordalo reagia à censura e defendia a liberdade de expressão, intensificando o humor e sarcasmo nas respostas aos ataques de que foi alvo.
O António Maria, 22/03/1883
Antes e Depois

À Escolha
Em tempo de eleições, O Zé Povinho é confrontado com uma escolha entre a o partido republicano e os partidos monárquicos.
A República, à esquerda, tem numa mão a lista com os nomes dos candidatos, e na outra a balança e a espada da justiça e, atrás de si fábricas do progresso a trabalhar.
Fontes Pereira de Melo, à direita, apresenta um tacho de carneiro com batatas (simbolizando o caciquismo e as falsas promessas eleitorais) e, atrás de si, a arca do tesouro de onde sai o dinheiro a voar.
Bordalo defende nesta metáfora o ideário republicano, reforçada pelo realismo com que desenha a República, em contraste com o traço caricatural com que Fontes é apresentado.
Pontos nos ii, 10/12/1885

No Dia dos Votos/O Outro Dia
Crítica à forma como, em período de eleições, o Zé Povinho é tratado pelos partidos políticos: “No dia dos votos“ é o centro de todas as atenções e promessas; “O outro dia” é maltratado e sovado com o pau dos impostos.
O António Maria, 18/08/1881

14 de Julho de 1789
Entre a subjugação e a exaltação do Povo, fica o reparo de que o povinho antes começava a sentir o peso na espinha. Ora depois, quando elege deputados republicanos, numa referência às comemorações da Revolução Francesa, a 14 de Julho de 1879, vai principiando a gostar de andar ao colo.
O António Maria, 17/07/1884

Arre, Besta!… / Salvé Povo!…
Zé Povinho é representado como burro de carga albardado pelos poderes constituídos, montado pelo rei D. Luís e puxado à arreata por Fontes Pereira de Melo e com vários políticos a maltratá-lo.
Ao seu lado, outro Zé Povinho bem erguido e digno mostra a lista dos deputados republicanos, fazendo tremer os políticos dos partidos monárquicos instituídos, que o maltrataram, numa composição apologética da República.
Suplemento, 12/12/1885

A Política: O que é/O que pode ser
Um antes e depois que nos mostra um Zé Povinho entre a realidade e a esperança.
À esquerda, alarve, de quatro patas, sob a albarda numa atitude submissa perante o Rei D. Luís, que, de costas, alberga no manto vários políticos do regime.
À direita, a personagem transfigura-se em Povo, erguido, elegante, de picareta na mão, arregaçando as mangas após se ter libertado da albarda. Os representantes do regime fogem apavorados. A República que antes chorava, agora, aplaude.
O António Maria, 11/03/1880
De Olho bem Aberto

A Eleição Municipal A Zé Povinho
No âmbito das eleições Municipais de Lisboa, Bordalo publica um suplemento do seu jornal O António Maria, onde desenha um Zé Povinho a arregalar o olho, com um texto de Ramalho Ortigão que diz: “Se elegeres gente nova que não venha a servir-te para coisa nenhuma, serás um infeliz. Se elegeres gente velha, que te provou até à saciedade hydropica, que não presta para nada, serás uma besta”.
Suplemento n.º 122 d´O António Maria, 03/11/1881

Depois das Eleições
Na sequência das eleições em que o republicano Elias Garcia foi eleito deputado, Bordalo desenha este Zé Povinho a levantar-se, abrindo o olho, e a deixar a albarda para trás.
O António Maria, 25/08/1881

A Propósito do Concurso da Alfandega
Zé Povinho, erguido, usa a força, como metáfora, que expulsa do rebordo da página do jornal, a pontapé, um ridículo Hintze Ribeiro, então ministro das Obras Públicas.
Repare-se que a ideia aqui expressa não é unicamente a de agressão, mas a de expulsão, que o artista consegue através do recuo da linha da esquadria do lado direito, situando o político fora da cena.
Tombada no chão, uma barrica de onde sai um burro que traz escrito “concurso da alfândega”, que foi a causa desta reacção.
O António Maria, 27/12/1883

As Eleições em Lisboa
Um ponta-pé magistral
Nas eleições de Junho de 1884 foram eleitos dois candidatos republicanos.
Bordalo parece acreditar que o Zé Povinho finalmente dará um pontapé no “carneiro com batatas”, símbolo dos aliciamentos, das corrupções e das falsas promessas eleitorais.
O António Maria, 03/07/1884

Protecção á Industria Nacional
Bordalo alerta para a necessidade de proteger a indústria nacional da importação dos produtos estrangeiros. Para isso convoca todos: o governo, o comércio, os jornais e o próprio povo, que é convidado a expulsar a indústria estrangeira, aqui representada pelo inglês John Bull (personagem colectiva que simboliza o imperialismo inglês).
Este desenho é inspirado no fervor nacionalista que se seguiu ao ultimato inglês.
O António Maria, 13/08/1891

Amanhã
Um Zé Povinho apoteótico e indignado pisa as armas inglesas e empunha um chicote com que expulsa vários John Bull, agarrados a vários produtos industriais de origem inglesa.
É mais um exemplo da violenta campanha contra Inglaterra, que cresceu em Portugal, na sequência do ultimato e que Bordalo adotou em vários números dos seus jornais.
Pontos nos ii, 09/01/1890

Chronica do Centenário
Em 1880, um grupo de republicanos, organizou a comemoração no tri centenário da morte de Luís de Camões. O rei e o governo, receando a politização da inicativa, não se quiseram juntar.
Bordalo ironiza a situação, dizendo que o poeta e grande símbolo nacional, tinha assim ficado republicano, e representa-o com um barrete frígio, tendo como sombra o próprio Zé Povinho, simbolizando o povo português. O artista une neste desenho dois grandes símbolos nacionais. Ao desenhar o Zé Povinho como sombra do poeta, eleva-o ao estatuto de símbolo nacional.
O António Maria, 17/06/1880

Sempre à Espera
E depois de todas as agruras que nos fazem dormir junto à albarda e assobiar para o lado ou acordar e mostrar a força do manguito, onde estamos hoje? Sempre à espera?
A Paródia, 12/02/1902
Da representação gráfica à cerâmica
A representação do Zé Povinho e de outros tipos populares ultrapassou a obra gráfica de Bordalo e também se manifestou na produção de cerâmica utilitária, adquirindo estas figuras uma força tridimensional e de forte presença no quotidiano doméstico. Zé Povinho surge sozinho ou acompanhado pela Maria da Paciência, um estereótipo popular feminino criado no jornal bordaliano Pontos nos ii. A partir desse momento, os diálogos entre as duas personagens dão-nos conta da ignorância e alienação do povo português relativamente à situação política e social do país. Aqui apresentamos vários exemplos, cuja função torna inesperado o humor em jeito de provocação. O sorriso inocente captado em caixas, o humor das figuras de movimento, a cumplicidade entre as duas personagens num tinteiro ou até a atitude isolada mais ou menos erguida nas estatuetas.

Caixa “Zé Povinho”
1900

Caixa “Maria da Paciência”
s/ data

Figura de movimento “Zé Povinho”
1908

Figura de Movimento “Maria da Paciência”
1900

Tinteiro “Zé Povinho e Maria da Paciência”
1902

Cinzeiro “Zé Povinho”
s/ data

Apito “Zé Povinho”
1895

Apito “Zé Povinho”
s/ data

Caixa “Maria da Paciência”
s/ data

Prato de guardanapo “Zé Povinho e Maria da Paciência”
S/ data

Estatueta “Zé Povinho”
1904
Doação de Angélica Bordalo Pinheiro

Estatueta “Maria da Paciência”
1903
Doação de Angélica Bordalo Pinheiro

Situação do Paiz Perante o Acto Eleitoral
A oferta de vinhos e petiscos abre espaço para a compra de votos, à qual o Zé Povinho se rende, apitando alegremente em todas as igrejas e assim, se vai perpetuando o regime constitucional.
O António Maria, 15/09/1881

Moringue “Gonzaga Gomes”
Apropriando-se de uma forma da olaria tradicional portuguesa, destinada a conter e a servir água fresca, o artista cria esta peça única, onde concilia o vidrado simples da superfície com um tratamento plástico humorístico.
Uma página do notável jornal O António Maria é virtuosamente reproduzida em barro e atada com uma fita à base. Junto a um dos bicos, uma cena de conversação representa, em micro esculturas caricaturais, o próprio artista, a Maria da Paciência e o António Maria. No bocal oposto, encontra-se a micro caricatura de António Luís Gonzaga Gomes, amigo e administrador do referido periódico e da Fábrica de Faianças das Caldas da Rainha, a quem a peça foi dedicada. Completa a divertida decoração um gato deitado sobre o arco da asa.
1896
Doação de Gonzaga Gomes

Placa Zé Povinho
Placa Raphael
Peças únicas feitas para o artista a partir de desenhos seus e pintura da irmã, Maria Augusta, também ceramista e rendeira. Estiveram provavelmente em sua casa, em Lisboa, no antigo Largo da Abegoaria (atual Largo Rafael Bordalo Pinheiro). Mais tarde, foram guardadas pela filha Helena (Amigos-Defensores do Museu Rafael Bordalo Pinheiro), na Rua do Mundo (atual Rua da Misericórdia).
1883
Doação por Helena Bordalo Pinheiro

Caixa “Toma”
Uma caixa humorística apresenta a popular figura do Zé Povinho a servir de tampa a uma pequena barrica. A personagem surge em barro, servindo de tema e decoração de faianças. Esta imagem do povo português, aqui representado fazendo o «Toma», gesto rude do manguito e a sua única arma de contestação, representa, na obra de Bordalo, uma metáfora da atitude crítica e do exercício de liberdade de expressão perante os desacertos do mundo que o rodeia.
1904

Tinteiro “Toma”
A representação do gesto de libertação do Zé Povinho fez-se em várias peças de carácter utilitário e de uso quotidiano, neste caso, num paliteiro composto por duas peças, em que a cabeça é a tampa.
1898-1900

Paliteiro “Albarda”
A albarda, amplamente representada na obra gráfica de Bordalo, simboliza a subjugação de que o povo foi alvo por parte das personagens políticas dominantes.
s/ data