Núcleo “Bordalo à Mesa” | Legendas
Bordalo à Mesa celebra um tema que lhe era querido ao corpo e ao espírito: a boa mesa. Os alimentos e a gastronomia enriquecem registos gráficos e peças de cerâmica de opulência real. Em ambientes realistas ou humorísticos, desde o mais simples legume à mais cerimoniosa refeição, a comida serve, também, como metáfora para a crítica política e social – sem papas na língua. São também dadas a conhecer referências a bons cozinheiros e a bons lugares onde saciar a fome, tão opiparamente quanto se deseje, e mostrados rótulos e publicidades que o artista realizou enquanto designer ou peças utilitárias e decorativas de que são exemplo os dois serviços de mesa produzidos na Fábrica de Faianças das Caldas da Rainha.

Prato para suspensão “Mesa Posta”
Invulgar pela sua dimensão, esta peça apresenta-nos uma natureza morta composta por comestíveis prontos a ser cozinhados, dispostos sobre uma toalha. Produtos do mar, da horta, da capoeira, do pomar e da vinha são tratados no mesmo gosto naturalístico, pelo qual o artista ficaria reconhecido. É de notar a mestria cerâmica na representação da cestaria tradicional reforçando-lhe a aproximação ao real.
Doação Armando Coelho
Barro vermelho esmaltado e vidrado
1898

Alcofa de esparto para suspensão
Estas peças decorativas mostram-nos naturezas mortas representando cestos cheios de alimentos, modelados de uma forma muito próximo do real. Embora fossem fabricadas em série, como permitiam variar os comestíveis agrupados, a diversidade de modelos é grande e o resultado sempre diferente. Pratos de diversos tamanhos, correspondendo a preços diferenciados, tiveram um enorme sucesso junto do público que os suspendeu nas paredes, criando moda no interior doméstico português.
Barro branco esmaltado e vidrado
1899

Prato para suspensão “Cesta”
Estas peças decorativas mostram-nos naturezas mortas representando cestos cheios de alimentos, modelados de uma forma muito próximo do real. Embora fossem fabricadas em série, como permitiam variar os comestíveis agrupados, a diversidade de modelos é grande e o resultado sempre diferente. Pratos de diversos tamanhos, correspondendo a preços diferenciados, tiveram um enorme sucesso junto do público que os suspendeu nas paredes, criando moda no interior doméstico português.
Barro vermelho e barro branco, esmaltado e vidrado
1897

Alcofa de esparto para suspensão
Estas peças decorativas mostram-nos naturezas mortas representando cestos cheios de alimentos, modelados de uma forma muito próximo do real. Embora fossem fabricadas em série, como permitiam variar os comestíveis agrupados, a diversidade de modelos é grande e o resultado sempre diferente. Pratos de diversos tamanhos, correspondendo a preços diferenciados, tiveram um enorme sucesso junto do público que os suspendeu nas paredes, criando moda no interior doméstico português.
Barro branco esmaltado e vidrado
1902

Prato para suspensão “Gaio”
Barro vermelho e branco, esmaltado e vidrado
1901

Jarra “Joana Hintze Ribeiro”
Barro vermelho vidrado e esmaltado
1894

Confraternizando nas Hortas
Esta cena pitoresca retrata os antigos hábitos do quotidiano popular, como a “ida às hortas”, costumeira em dia de descanso, onde grupos confraternizavam à sombra de uma parreira e consumiam produtos comuns como o vinho e os petiscos de frigideira.
Desenho a lápis e aguarela sobre cartão
s. data

Typos de Lisboa – na rua – A Ovarina
Desenho representando a popular “Ovarina”, atrás da qual duas figuras sopram o peixe, com o intuito de o tornar maior e mais apelativo aos fregueses. Com o tempo, estas peixeiras oriundas da região de Ovar estabeleceram-se no Bairro da Madragoa, dando origem às “Varinas”, nome abreviado que as passou a designar. O seu traje tradicional – saia rodada, lenço sob o chapéu redondo e os pés descalços – bem como os seus pregões que exclamam para vender o peixe, tornam-na ainda uma das mais típicas figuras lisboetas. MC
Litografia colorida sobre papel
El Mundo Cómico
29.6.1873

Jarra “Peras”
Barro vermelho e barro branco esmaltado e vidrado
Esta peça é um bom exemplo da modernidade do artista: uma jarra que vê a sua forma esférica ser amolgada a favor da renovação de um formato convencional. A superfície foi vidrada a uma só cor, ganhando alterações e reflexos de acordo com o amachucado. Recebe um pequeno ramo de pereira, com folhas e frutos, representado de uma forma naturalista, como se um pedaço de natureza viva a brotar do interior do barro fendido. No entanto, a peça não perdeu o seu carácter funcional e revela um novo sentido decorativo para a faiança portuguesa. Na viragem do século XIX para o século XX, o artista vai experimentar novas formas geométricas ou orgânicas, como esta jarra. Partilha da mesma preocupação com ceramistas estrangeiros seus contemporâneos, que faziam experiências semelhantes em torno da forma e do vidrado, e ainda na decoração, sob a influência da cerâmica oriental, sobretudo a japonesa, privilegiando o seu aspeto artesanal.
Barro vermelho e barro branco esmaltado e vidrado
1900

Fábrica Internacional Conservas Alimentícias Nápoles Carvalho
A ilustração de anúncios publicitários para casas de especialidade e produtos alimentares foi uma das áreas de trabalho do artista. A identidade da marca revela-se na escolha de personagens populares e símbolos visuais, como a minhota e o coração de filigrana ou a varina e a paisagem marítima, personificando uma feição nacional e etnográfica muito em voga, que pretendia valorizar o produto, de conserva, que era também novidade no período. MC
Litografia colorida sobre papel
s. data

Confeitaria Portugueza F.J. Cascaes
Litografia colorida sobre papel
s. data

Ventarola “Casa Chineza”
Este brinde, destinado a ser oferecido aos clientes, como estava em moda, fazia publicidade à loja, situada na baixa de Lisboa. O exótico de alguns produtos comercializados, como as diferentes qualidades de chá, os leques, etc. é reforçado pela iconografia oriental empregue por Rafael Bordalo. A Casa Chineza reutiliza um anúncio do artista à loja, em circulação no ano 1882. A pega é uma recriação para a exposição, sugerindo o modo como se podia usar a ventarola, para refresco.
Litografia colorida sobre papel
[1883]

Almanach Preço Corrente
Litografia colorida sobre papel
Rafael Bordalo fez a capa para o almanaque editado pelo premiado armazém de víveres Jerónimo Martins & Filho, em Lisboa. Era um brinde publicitário que se destinava a oferta aos seus clientes. São variadas as referências à gastronomia, como os pequenos cozinheiros e o seu característico chapéu; o oriental anunciando chá e café; o frasco caído, espalhando guloseimas. A representação gráfica de um têxtil bordado e respetivas borlas remetem, também, para a mesa. O antigo estabelecimento era fornecedor da Casa Real e encarregava-se de ranchos para refeições nos navios.
Litografia colorida sobre papel
1885

Chávena e pires “Chinês”
O artista usa a figura de um chinês acocorado para realizar este divertido modelo. A chávena toma a forma de uma cabeça, onde o tradicional rabicho serve de asa, e o pires sugere um corpo, onde coloca uma nota humorística, apresentando o chinês a levantar o traje e a mostrar as nádegas. No pires está representado um dragão. Esta chávena destinava-se, obviamente, a beber chá que é uma bebida de origem oriental. A peça era fabricada em série.
Barro vermelho esmaltado e vidrado
1897

Bule “Chinês”
Rafael Bordalo cria este modelo que pode ser associado à chávena exposta ao lado. É a caricatura da cabeça de um chinês sorridente, cujo rabicho serve de pega e o chapéu é a tampa. A reduzida cor no vidrado e a inscrição “Lembrança da FF Caldas da Rainha” indica que esta peça, produzida em série e a baixo custo, destinava-se ao vasto mercado de visitantes da Fábrica de Faianças caldense.
Doação Julieta Ferrão
Barro vermelho esmaltado e vidrado
1897

Bule “Cabeça de janota”
O artista criou vários modelos de bules servindo-se da sua experiência como caricaturista. Esta cabeça de homem obediente à moda, faz parte de uma galeria de tipos divertidos, onde podemos reconhecer a crítica social feita por Rafael Bordalo. É interessante ver como adapta a forma de um objeto da mesa até resultar na caricatura de uma cabeça, onde o nariz serve de bico para servir chá, aumentando o humor. O bule chinês, que pode ver ao lado, pertence à mesma galeria de tipos.
Barro vermelho esmaltado e vidrado
1897

As Bolachas António Maria
Página de publicidade indireta aos biscoitos com o nome do jornal humorístico e cuja embalagem o artista, também, desenhou. Uma caixa gigante é apresentada pelo fabricante Eduardo Costa, seu amigo. Os biscoitos tinham gravadas as caricaturas de várias personalidades políticas. Vê-se o regenerador Fontes e o progressista Anselmo Braamcamp a tomar chá e a comerem biscoitos, trincando, cada um, a caricatura do adversário. Uma paródia cheia de humor que o texto acompanha.
Litografia sobre papel
O António Maria,
29.12.1881

O António Maria Biscoitos
Tampa planificada da caixa de biscoitos doces utilizando o título e lettring do jornal de Rafael Bordalo. Apresenta 16 divertidas caricaturas comestíveis da comédia bordaliana, com a efigie de rivais políticos. Eduardo Coelho, Zé Povinho, Prior da Lapa, Anselmo Braamcamp, Fontes, rei D. Luís, na tampa; rei D. Fernando II, Rodrigues Sampaio, Manuel de Arriaga, Barros Gomes, numa lateral; Magalhães Lima, General Macedo, Mariano de Carvalho, noutra lateral que se repete; Infante D. Augusto, Luciano de Castro, Conselheiro Arrobas, Barros e Sá e o próprio Rafael, numa outra lateral. Eram fabricados e vendidos em Lisboa, pelo premiado industrial Eduardo da Costa, pintor decorador, republicano e amigo do artista que lhes fez grande anúncio que pode ver exposto ao lado.
Litografia colorida sobre papel
1881

Tabuleiro e “Serviço tête-à-tête de café”
Este serviço orientalizante era de uso pessoal. Os cartões foram desenhados pelo artista e executados pela sua irmã Maria Augusta Bordalo Pinheiro. Na cafeteira, chávenas e pires vemos representados Rafael e a sua mulher Elvira; na leiteira os filhos Manuel Gustavo e Helena e no açucareiro o gato da casa. O tabuleiro imita uma peça em laca, decorada com a representação de peças japonesas, ente elas, uma ventarola, uma lanterna, uma cegonha e uma gravura. A arte japonesa estava em moda no final do século 19.
Doação Helena Bordalo Pinheiro
Barro vermelho pintado e vidrado
1882

A Manteiga do Jacob
Divertida publicidade a este género alimentício muito apreciado, produzido na região francesa de Isigny-sur-mer e comercializado por Léon Jacob. No rescaldo do Ultimato, em que Portugal é forçado a abandonar a sua pretensão aos territórios entre Angola e Moçambique, a atitude é antibritânica. Aconselha-se os consumidores portugueses a preferirem esta manteiga, internacionalmente premiada pela sua qualidade, economia e por ser “da raça latina”. Em simultâneo denuncia-se a carência do seu fabrico nacional.
Litografia sobre papel
Pontos nos ii
23.10.1890

Ferreira & C.ª
Anúncio à venda de gelo que é um requinte na gastronomia oitocentista, usado no refresco de alimentos e bebidas. Era indispensável na confecção de neve aromatizada e de sorvetes que esta firma também servia à mesa. Apetecível no Verão, o gelo vendia-se para consumo doméstico ou comercial, em Lisboa e, por encomenda, para o resto do país. Rafael Bordalo vendia espaço publicitário nas capilhas descartáveis do seu jornal, sendo muitas vezes o “criativo”.
Litografia sobre papel
Capilha d’O António Maria
17.07.1879

Almanach de Caricaturas
Litografia sobre papel
1875

Moringue “Cabeça de chinês”
Apropriando-se de uma forma da olaria tradicional portuguesa, destinada a conter e servir água fresca, o artista cria esta peça humorística para ser fabricada em série. Rafael Bordalo adapta a forma à caricatura de uma cabeça de chinês, usando o nariz para a função de verter o líquido e o rabicho para pega, aumentado o humor quando estava a ser usada. Este modelo pertence a uma pequena galeria de tipos caricaturados, num comentário social característico da obra gráfica do artista.
Barro vermelho esmaltado e vidrado
1897

Jarro “Haste de videira”
A forma deste jarro é inspirada num modelo criado por Cristopher Dresser, designer inglês pioneiro na reforma do desenho. Rafael Bordalo vai torná-la portuguesa através da decoração, com uma haste de videira, modelada de uma forma próxima do real, e o vidrado utilizando a técnica dos escorridos. Conseguiu conciliar a modernidade da forma e do vidrado, com a tradição cerâmica das Caldas da Rainha. Este modelo pode apresentar, por vezes, uma tampa de linhas simples. Provavelmente, era usado para servir vinho.
Barro vermelho e barro branco, esmaltado e vidrado
1889

Aurélio Pinto
Rótulo publicitário da casa produtora de vinhos de Aurélio Pinto Tavares Osório Castelo Branco, de Vale de Prazeres, na Beira Baixa. O desenho colorido e profusamente decorado, onde se salienta a reprodução do brasão da família, revela o apelo à visualidade dos consumidores com o intuito de diferenciar a marca das suas concorrentes. MC
Litografia colorida sobre papel
s. data

Porto Bordallo Pinheiro
Brochura publicitando o “Porto Bordallo Pinheiro”, lançado por Ivo da Silveira, prestigiado comerciante de vinhos, que a título de homenagem deu o nome de família do artista ao seu produto. Rafael Bordalo desenha a capa da brochura, onde um gato e o Zé Povinho dão um apontamento de humor. Faz anúncio a este vinho do Porto no seu jornal Paródia – Comédia Portugueza, 7.4.1904.
Litografia colorida sobre papel
Sem data

Garrafa Gungunhana-antes
Barro vermelho esmaltado e vidrado
1895

Garrafa Gungunhana-depois
Barro vermelho esmaltado e vidrado
1895

Toma lá da cá / toma lá que é nosso
Estudo para cartaz publicitando o cacau de S. Tomé e Príncipe, então colónia portuguesa, a que não é alheia a controvérsia criada em torno da denúncia inglesa que expunha o uso de trabalho escravo naquelas ilhas. O Zé Povinho, sobre uma chocolateira a fumegar, encontra-se ladeado por duas figuras típicas lisboetas, o Pai Paulino e o popular “Preto de S. Jorge”, cuja ascendência africana legitima a defesa nacional frente às acusações internacionais. MC
Desenho a lápis e aguarela sobre papel
s. data

Uma Cousa Exquesita
Entre as classes populares o vinho era consumido desde a meninice, sendo utilizado como calmante, fortificante e base na confeção de remédios caseiros. Apesar de o vinho corrente fazer parte da dieta alimentar nacional, era nas tabernas, casas de pasto e botequins que o seu consumo aumentava, a par com as bebidas destiladas, contribuindo para o agravamento do problema do alcoolismo, que dá o mote a este desenho. MC
Desenho a carvão, tinta-da-china e aguarela sobre papel
1894

Peça de suspensão “Cacho de uvas”
Barro branco esmaltado e vidrado
1902

Púcaro
Barro vermelho vidrado
1889

Esta noite…
Em véspera de Natal, Rafael Bordalo diverte-se a comentar o ritual à volta da confecção e consumo deste prato tradicional à mesa alfacinha, abrangendo preceitos culinários e costumes sociais envolvendo a bebida. Toda a paródia é registada em BD, sob a égide de uma frase de Jean A. Brillat-Saverin, político e grande cozinheiro francês, autor do famoso livro Fisiologia do Gosto (1825).
Litografia sobre papel
A Paródia
24.12.1903

Rimas Pintadas
Litografia sobre papel
O António Maria
13.09.1879

Jejuns do Reverendíssimo!
Inserido no contexto da polémica “questão religiosa” que caracteriza o século XIX, Bordalo Pinheiro questiona a moderação dos homens da Igreja em tempo de Quaresma, período de penitência onde o jejum e a abstinência têm lugar fundamental. Num tom profundamente crítico o artista representa este clérigo sentado a uma mesa farta, onde reconhecemos o leitão e a ave assada, o vinho que acompanha a refeição e um curioso paliteiro em forma de jesuíta.
Litografia sobre papel
O Mosquito
08.04.1876

Fosforeira “Barriga”
Barro vermelho vidrado
s. data

Figura de movimento Paliteiro Visconde de Faria
Barro vermelho pintado, esmaltado e vidrado 1900

Rectificação importante
Depois de ter parodiado o evento na forma de um baile em traje de espanhol, Rafael Bordalo insiste em divertir-se com esta correção, onde critica a modesta etiqueta na receção, tendo como convidados membros do governo e a Família Real. Além do desconforto mobiliário e do trivial “programa musical”, o serviço gastronómico é volante, em bandeja, oferecendo chávenas de chá, torradas e acepipes, sem esquecer o, então, convencional paliteiro!
Litografia sobre papel
O António Maria
10.02.1881

Figurino “A Ceia”
Desenho para um figurino da peça de teatro de revista “Formigas e Formigueiros”, de Eduardo Schwalbach. A personificação de uma refeição resulta numa composição de enorme criatividade e crítica social humorística. O traje feminino criado é inspirado nos alimentos consumidos, como lagosta, camarão, alface, azeitonas, maionese, etc. e nos objetos da mesa, como talheres e taças de champagne. As fitas “contas” representam o preço elevado que se tinha de pagar por este evento social, sobretudo, destinado ao mundo masculino, mas que envolviam, frequentemente, a presença de mulheres.
Desenho a tinta-da-china e aguarela sobre cartão
1898

Figurino “O Pecêgo”
Estudo para um figurino da peça de teatro de revista “O Reino da Bolha”, de Eduardo Schwalbach, onde a personificação deste alimento é um engano que esconde uma divertida crítica social. O traje masculino tem um registo efeminado propositado, denunciando comportamentos e costumes de orientação sexual. O chapéu enfeitado, o penteado, os calções e casaco coloridos, as sapatilhas de dança são alguns aspetos do desenho que apontam a homossexualidade. É revelador de preconceito que o papel tenha sido entregue a uma atriz. Salienta-se a memória descritiva para a sua execução, feita pelo artista, indicando o tecido de veludo branco que devia ser pintado.
Desenho a tinta-da-china e aguarela sobre papel
1897

A mão de nabos
Paródia à abertura da Praça-Câmara dos Pares, vendo-se Fontes Pereira de Melo, chefe do governo regenerador, e Luciano de Castro, chefe do partido progressista, na oposição, a apresentar numa padiola os novos nabos-pares ao rei D. Luís. Ao seu lado o condestável do reino, o altíssimo infante D. Augusto, do qual se apresenta, apenas, as pernas. Toda a assistência é composta por nabos-pares de pé.
Litografia colorida sobre papel
O António Maria
04.01.1883

Carro allegorico para o Carnaval
Carro alegórico para o corso carnavalesco, representando o Estado e a mesa do orçamento. É puxado por numerosos Zés-Povinhos, chicoteados pelo famigerado juíz Veiga. Nas rodas do veículo observam-se pequenas efígies de políticos do rotativismo, com destaque, ao centro, para as cabeças de José Luciano de Castro e de Hintze Ribeiro (respectivamente líder da oposição e chefe do governo). Sobre a bem servida mesa do orçamento erguem-se duas despudoradas senhoras em pose festiva, representando a dívida e a política dos negócios.
Litografia colorida sobre papel
A Paródia
18.02.1903

Inauguração do Centro Regenerador-Liberal
1903 foi o ano da fundação do dissidente Centro Regenerador Liberal, liderado por João Franco. Em ambiente de adega de vinhos e petiscos festeja-se o evento, enquanto o anfitrião vai tirando o tinto da pipa. Mas todos os convivas se queixam da má qualidade da zurrapa. Porque, de facto, era então opinião geral que o novo partido estava condenado ao fracasso.
Litografia colorida sobre papel
A Paródia
28.05.1903

Drama em família
Em 1901 consuma-se a dissidência de João Franco, que se separa do partido regenerador. Levantavam-se assim sérios problemas ao partido de Hintze Ribeiro, que perdia um número considerável de deputados, mas também pela imagem pública de “endireita” ou homem providencial que Franco vinha cultivando. Neste jantar regenerador, que se inicia com normalidade, todos os notáveis do partido se engalfinham violentamente assim que o tema da cisão vem à baila.
Litografia sobre papel
A Paródia
22.05.1901

O Manifesto Republicano e o Zé Povinho
A habitual compra do voto com o prato de “carneiro com batatas”, que os caciques locais prometiam aos eleitores, é uma vez mais denunciada nestes cartoons de Rafael Bordalo. Nas eleições de 92, o Zé Povinho prefere comer o prato apresentado pelo monárquico Zé Dias, do que beber o manifesto oferecido pelo republicano Consiglieri Pedroso.
Litografia sobre papel
O António Maria
1.7.1892

Escultura para jardim “Cegonha e Lobo”
Barro vermelho esmaltado e vidrado
1900

“Abertura da Camara. A matança”
Hintze Ribeiro (chefe do governo) e José Luciano de Castro (líder da oposição) desmancham o porco do sistema liberal após a matança, preparando com as vísceras e escorrências uma tachada de sarrabulho, da qual resultarão as mais diversas sinecuras partidárias a distribuir pelos confrades. Tudo se aproveita do bicho enquanto é tempo, tanto mais que o regime parece caminhar para o inevitável esgotamento.
Litografia sobre papel
A Paródia. Comédia Portuguesa
14.01.1903

“A castanha eleitoral”
Desentendimento de comadres entre as assadeiras de castanhas (José Luciano de Castro, Hintze Ribeiro e João Franco), a poucos dias das eleições de 6/10/1901. Realizaram-se estas num novo quadro legislativo que ficou conhecido como “a ignóbil porcaria” e tinha como objectivo afastar eleitoralmente a representação republicana e a do grupo dissidente de João Franco, aqui apontado como o perigo amarelo.
Litografia colorida sobre papel
A Paródia
25.09.1901

Eleições. Caldo apurado
Dias antes das eleições de 25.06.1904, aqui se fixa de forma exemplar o maquinismo eleitoral no rotativismo, em que o tradicional “carneiro com batatas” funcionava como ritual de reconhecimento aos bons votantes. Provando o caldo, o líder regenerador Hintze Ribeiro; abanando o lume o dirigente progressista José Luciano de Castro; remetidos para tarefas menores, os dissidentes João Franco e Augusto Fuschini. JF
Litografia sobre papel
A Paródia
16.06.1904

Projecto de “menu” para a mesa do orçamento
A propósito da aprovação do orçamento do Estado, um hilariante “menu” faz a síntese gráfica da situação política e económica do país. A velha Ama de leite-Nação oferece o magro peito ao gordo Menino-Orçamento e, ao seu lado, a Terrina-Fazenda “fumega” os outros ministérios, salientando-se o Zé Povinho-Reino de boca aberta, deixando ver o “carneiro com batatas”, pelo qual vendeu o seu voto. Cabeças de professores primários famintos e as alegorias das artes e letras enforcadas completam a ornamentação. A lista de “pratos a servir” dá continuidade ao cartoon bordaliano.
Litografia colorida sobre papel
A Paródia
16.05.1900

Jantar no Clube Henriques Nogueira
Litografia sobre papel

O Banquete offerecido pela Sociedade de Geographia
Por ocasião do seu regresso de África, foi oferecido um grande jantar aos exploradores Hermegildo Capelo e Roberto Ivens, para o qual Rafael Bordalo também foi convidado. O artista registou minuciosamente a decoração da sala e da mesa, deixando-nos uma imagem paradigmática da complexidade do banquete no final de Oitocentos. É de referir que Bordalo saiu do evento e foi trabalhar até às 11.30h, conforme anotou junto à data e assinatura.
Litografia sobre papel
Pontos nos ii
1.10.1885

Jantar Offerecido aos Jornalistas Estrangeiros (frente e verso)
Menu e ordem dos brindes no jantar aos jornalistas em Lisboa por ocasião da Exposição da Arte Ornamental e Decorativa, integrada no programa da visita régia de Afonso XII de Espanha. Os promotores, incluindo Rafael Bordalo, representados em sombra japonesa e os moon, emblemas com o crisântemo, acusam o gosto pelo japonismo em moda. O sobredimensionamento dos talheres e taça faz parte do humor neste surpreendente arranjo gráfico.
Litografia colorida sobre papel
16.01.1882

Grand Hotel Central
Menu do jantar oferecido ao escritor Jaime de Séguier, pela sua nomeação como cônsul em Bordéus. Rafael Bordalo caricatura-o fardado, sob cachos de uvas, numa alusão ao famoso vinho. O artista autorrepresenta-se em miniatura a espreitar na cartela, na companhia do escritor Gomes Leal. O desenho foi publicado, acrescentando caricaturas de outros amigos, no seu jornal humorístico O António Maria, 25.05.1882.
Litografia sobre papel
22.05.1882

Menu
Menu comemorativo do primeiro aniversário da “República dos Estados Unidos do Brasil”. Rafael Bordalo apresenta-nos uma iconografia simbólica, com um índio brasileiro a ser conduzido pela mão da jovem República que agarra um ramo de oliveira e da paz. O índio está sobre a roda da fortuna e das cornucópias “Indústrias”, “Artes” e “Comercio, segurando a espada e balança da justiça, tendo em baixo uma vista da baía do Rio de Janeiro que o artista tinha deixado há onze anos. As referências à comemoração encontram-se, apenas, nos nomes das sobremesas.
Litografia colorida sobre papel
15.11.1890

Menu
Menu do banquete de recepção a Rafael Bordalo por ocasião do seu regresso do Brasil, onde realizou uma exposição da Fábrica de Faianças com o intuito de vender a Jarra Beethoven. O menu é dirigido a Gonzaga Gomes, amigo e futuro administrador do jornal “A Paródia”. O desenho representa o Zé Povinho, de braços abertos recebendo o seu criador, atrás do qual se ergue a sombra da célebre Jarra, que hoje se encontra no Museu de Belas Artes do Rio de Janeiro.
Litografia sobre papel
20.09.1899

Banquete em Honra do Illustre Dr. Campos Salles
O banquete celebrando o primeiro aniversário da República do Brasil e a homenagem ao seu Presidente, Manuel Campos Salles, atestam as relações que uniam Portugal ao recém-implantado regime. Rafael Bordalo viveu no Rio de Janeiro entre 1875 e 1879, sendo caso emblemático da circulação de artistas entre os dois países. Ambos os menus espelham uma decoração e cor exuberantes onde a fauna, a flora e o índio nativo refletem o exotismo próprio do Brasil.
Litografia colorida sobre papel
07.08.1898

Banquete Republicano
Menu de homenagem aos republicanos, Magalhães Lima, Elias Garcia, Consiglieri Pedroso e Manuel de Arriaga, cuidadosamente decorado, com simbólico barrete frígio e cravos vermelhos. Os pratos estão colocados na ordem de serem servidos, como era habitual, mas invulgarmente impressos a vermelho. Este menu foi do conviva Paulino Ferreira que o assinou num espaço reservado para o efeito.
Litografia colorida sobre papel
04.06.1885

Menu du Souper offert á Don Antonio Pico
Menu com auto-representação de Rafael Bordalo Pinheiro, que se figura com os característicos adereços de cozinheiro, o barrete e o avental. O desenho emoldura o texto com a descrição do repasto, delimitando a composição escrita que se enquadra entre o corpo alongado do autor, um prato de leite que se derrama e que um conjunto de gatos avidamente saboreia. A solução gráfica é original e imprime um leve cunho humorístico ao desenho.
Gravura sobre papel
12.09.1872

Banquete oferecido aos Sócios Honorários
Menu de desenho historicista, inspirado na ornamentação do período da Renascença. Tem iconografia das descobertas e os retratos do poeta Luís de Camões e, ainda, do navegador Vasco da Gama. A Sociedade de Geografia de Lisboa homenageia, com um banquete, estes militares e exploradores africanos, no rescaldo do Ultimato britânico em que Portugal foi forçado a abandonar a ideia de ocupar o território entre Angola e Moçambique que eles tinham percorrido.
Litografia colorida sobre papel
19.05.1890

Banquete oferecido Ao Conselheiro Mariano de Carvalho
Rafael Bordalo ofereceu esta composição de marinhas, representando barcos a navegar, para o menu do banquete em homenagem a este político e seu amigo. Deu notícia do acontecimento nas páginas do jornal humorístico Pontos nos ii, 29.12.1890.
Litografia colorida sobre papel
24.12.1890

Menu do dia 19 de Janeiro de 1881
Litografia sobre papel
19.01.1881

Menu
Litografia colorida sobre papel
[1882]

Justino Guedes
Menu dedicado a Justino Guedes, impressor, litógrafo e amigo de Rafael Bordalo, para o qual tinha, já, efetuado um menu (em exposição junto dos outros menus). Empoleirado na aba do prato reconhece-se a figura do homenageado, para quem se dirigem várias personalidades, de garfo em riste, sendo os mais próximos Rafael e o seu filho Manuel Gustavo. A refeição inscrita alude humoristicamente aos diversos processos da litografia e da gravura, sendo o prato inspirado no serviço de jantar “Varina e Torre de Belém” (exposto ao lado), que a Fábrica de Faianças produzia e vendia.
Litografia colorida sobre papel
23.02.1884

Serviços de Jantar e de Chá “Varina e Torre de Belém”
Rafael Bordalo cria este motivo decorativo, representando a Torre de Belém, a partir de uma fotografia, e o desenho de uma varina sobre uma lagosta gigante. A restante ornamentação é marinha, com caranguejo, camarão, conchas e algas. Toda a composição faz parte da procura da portugalidade que o artista persegue em grande parte da sua obra. Estampado em diversas cores, este padrão serviu para decorar serviços de fabrico em série e a preço reduzido. O mesmo desenho foi reproduzido num menu exposto ao lado.
Pó de pedra estampado e vidrado
s. data

Menu do Jantar oferecido ao Senhor Conde do Alto Mearim (frente e verso)
Invulgar menu simulando um guardanapo, graficamente cuidado atendendo às dobras. As duas faces têm cercadura padrão de peixe e salsa. Apresenta duas vistas (Lisboa e Rio de Janeiro), o monograma do titular e, sob pés de salsa enormes, vemos empregados de mesa e o cozinheiro João da Mata. No verso, ladeando o menu, volta a figurar o cozinheiro Mata, uma galinheira, uma varina e o próprio Rafael Bordalo que noticiou o jantar no seu jornal O António Maria, 30.04.1892.
Litografia colorida sobre papel
27.04.1892

Serviço de Jantar branco
(Terrina com prato, Saladeira, Condimenteiro, Terrina, Travessa)
Este invulgar serviço de jantar concilia as formas simples das peças e o vidrado a transparente, com motivos decorativos exuberantes e muito próximos do real. Trata-se, sobretudo, de representações vegetalistas de alimentos, como couves, rabanetes, pepinos, feijão verde, etc. prontos a cozinhar. A curiosa travessa, com doces a decorar a aba, é uma exceção no conjunto. Embora a sua utilização fosse difícil, é de salientar a modernidade do desenho de algumas peças de servir, nomeadamente, a saladeira. Desconhecem-se os pratos. O mesmo serviço foi produzido com a decoração vidrada nas cores naturais e as formas sublinhadas a fio dourado.
Pó de pedra vidrado
s. data