POMAR E BORDALO. ASSEMBLAGES

O Museu Bordalo Pinheiro inaugura no próximo dia 14 de março, a partir das 18h30, a exposição POMAR E BORDALO. Assemblages.

Com o propósito de assinalar o centenário da morte de Rafael Bordalo Pinheiro, em 2005, Ana Maria Viegas, da Galeria Ratton, convidou Júlio Pomar a deslocar-se à Fábrica Bordallo Pinheiro para criar um conjunto de peças cerâmicas únicas, feitas com base nos moldes originais de Bordalo, que o Museu Bordalo Pinheiro agora expõe.

Júlio Pomar escolheu peças originais criadas por Rafael Bordalo Pinheiro no final do século XIX, que no século XX ainda fazem parte do catálogo da fábrica, onde são produzidas em série.

As peças que Pomar escolheu para a sua nova criação representam animais e plantas de forma naturalista: gatos, touros, galinhas, porcos, caranguejos, peixes ou folhas de couve.

Neste trabalho, Pomar interfere no processo de fabricação e desordena-o. É sabido que as peças mais complexas, por exigências da moldagem, são compostas por diferentes partes que são depois montadas para formar a obra final. Pomar inicia a sua intervenção quando os animais estão ainda desmembrados, à espera da operação final de montagem que os tornará reconhecíveis, tal como se apresentam na natureza.

Os novos seres que resultam deste processo provocam, primeiro, uma sensação de estranheza, a que se segue um jogo de reconhecimento dos elementos desarrumados que nos leva à identificação do animal representado. Este processo está carregado de humor, e provoca-nos sorrisos à medida que identificamos as diferentes partes e vamos conseguindo compor mentalmente o novo animal, mesmo totalmente alterado.

A atribuição de um nome próprio a cada uma das obras contribui para o efeito cómico, ao criar uma estranha proximidade com estes animais inexistentes: o touro é José, a galinha Judite, a porca é Suzy, o gato Ezequiel e a coruja Joana.

Pomar, mas também Bordalo, desarma assim as convenções mais instituídas, quer na arte quer na vida – tarefa cada vez mais urgente no mundo atual – para mostrar outras formas possíveis de habitar em conjunto, naquilo que os diferencia e aproxima, como aqui, os dois autores, em exposição.

Para estabelecer a relação inusitada entre Pomar e Bordalo, dois equipamentos museológicos da EGEAC/Lisboa Cultura, o Museu Bordalo Pinheiro e o Atelier-Museu Júlio Pomar, associaram-se à Galeria Ratton, juntando outras peças àquelas obras centrais, produzidas em cerâmica.