Saltar diretamente para o conteúdo

Voltar à página anterior. Exposição Temporária

Ena pá… cá está ele outra vez! Vasco de Castro – Cartoons

Conversas com Nuno Saraiva, António Valdemar, Rui Cardoso Martins e Mário Beja Santos

19 de Março a 30 de Abril de 2019

Seleção de cartoons de Vasco, a exibir na Sala da Paródia do Museu Bordalo. Em torno da exposição serão organizadas duas conversas dedicadas à obra deste autor e de que modo ela convoca o espírito e a obra bordalianos.

Conversa com Nuno Saraiva: 9 de abril, às 18h30

Conversa com António Valdemar, Rui Cardoso Martins e Mário Beja Santos: 17 de abril, às 18h30

Vasco é um dos nomes grandes da caricatura e do cartoon. O claro-escuro, feito de manchas e pingos, com que define as suas personagens, cria um estilo absolutamente original na caricatura portuguesa, que cruza a pintura com o desenho em efeitos insinuantes, que constantemente provocam o nosso olhar.  

Em Portugal, habituámo-nos a ver os seus trabalhos nos principais jornais desde os primeiros tempos da democracia de Abril e, com eles, a compreender melhor os caminhos e as contradições que esses novos tempos trilhavam. Com o seu humor inteligente e engagé, impregnado das referências saídas do Maio de 68, Vasco tornou-se parte da História no conturbado período de consolidação do Portugal democrático.  

Não é difícil encontrar paralelismos entre Vasco e Rafael Bordalo Pinheiro, no talento, no humor ou no profundo amor à liberdade. Por isso, receber Vasco no Museu Bordalo Pinheiro é assistir, como diz Mário Beja Santos, amigo do autor, ao encontro de um artista com o seu bisavô espiritual.

Em Ena pá… Cá está ele outra vez! apresentamos um conjunto de quase uma centena de obras de Vasco, com uma disposição que respeita as temáticas que os desenhos abrangem: cartoon, ilustração, caricatura, desenho e pintura.

Em Vasco, século XXI, mostram-se os cartoons que saíram no jornal Público e no Diário de Notícias, na sua maioria do início do século XXI, onde revisitamos a política e os seus intervenientes: Mário Soares, Aníbal Cavaco Silva, António Guterres ou Durão Barroso;  

“Levante-se o Réu” apresenta as ilustrações para a crónica do quotidiano dos tribunais que Rui Cardoso Martins realizou para o jornal Público e Descobrimentos, o olhar de Vasco sobre as navegações portuguesas;  

Em termos de caricaturas, em Vanita, vanitas podemos ver retratos de vários políticos portugueses e, em À mesa das Belas Artes,de escritores e outraspersonalidades da nossa cultura.

A mão no óleo mostra as incursões do autor na pintura; 

As Boas Festas são um conjunto inédito e desconhecido do grande público, de desenhos que Vasco oferecia aos seus amigos, geralmente pelo Natal e Ano Novo;

Finalmente, em Vasco e o outro, vemos os autorretratos, sempre presentes na sua obra.

Todas as obras expostas foram oferecidas por Vasco ao seu amigo Mário Beja Santos que, por sua vez, as doou ao Museu Bordalo Pinheiro, por considerar ser este o lugar mais digno para acolher os trabalhos. 

João Alpuim Botelho // Diretor do Museu Bordalo Pinheiro

Bio de Vasco

Vasco (Agostinho Vasco da Rocha e Castro) nasceu em Vila Real, a 10 de agosto de 1935, tendo frequentado a Faculdade de Direito de Lisboa. Os seus primeiros desenhos satíricos aparecem na imprensa em 1954, no Riso Mundial e, a partir do ano seguinte, em Picapau, Cara Alegre, Diário Ilustrado, Mundo Ilustrado, Diário de Lisboa, República e Parada da Paródia. Recusando a guerra colonial, exilou-se em Paris a partir de 1961, onde criou a União dos Estudantes Portugueses em França, mantendo uma intensa atividade política e associativista. Sob a assinatura “Tinho” colaborou com numerosas publicações francesas tendo, em meados da década, passado a assinar apenas como “Vasco”. Fundou, em 1969, o semanário lx, o primeiro jornal francês underground – logo suspenso pelo ministério do interior local. Participou em diversos filmes como ator. Em 1972, foi editado um primeiro álbum de cartoons seus, ainda em França. Em 1973, fundou as Éditions Champ du Possible e criou o Prix du Dessin Abject, enquanto continuava a publicar em numerosas outras edições francesas. Com o jornalista e escritor espanhol Xavier Domingo, colaborou em algumas BD sobre figuras de escritores como Hemingway, André Breton, Mauriac, entre outros. O regresso a Portugal dá-se no pós-25 de Abril. Aqui colabora na imprensa portuguesa, designadamente: Sempre Fixe (2ª série), República, Diário de Lisboa, O Bisnau, Página Um, Mais, O Jornal, JL, Diário de Notícias, Opção, Pão com Manteiga, Cadernos do 3º Mundo e, mais recentemente, com o jornal Público. Vasco é um dos cartoonistas portugueses contemporâneos mais reputados, estando representado em diversas antologias nacionais e estrangeiras da especialidade.

In Dicionário dos Autores de Banda Desenhada e Cartoon em Portugal, Leonardo de Sá e António Dias de Deus, Edições Época de Ouro, 1999