Canções de Marear

Partimos para este “Canções de Marear” com a premissa de querer fazer saltar das folhas de papel alguns dos belíssimos desenhos de Bordalo Pinheiro. O mar foi estrutura temática, enquanto o respeito pelo traço e espírito do autor serviram de guias ao rigor e à ideia.

A forma do móbile surgiu como a mais adequada para “pendurar pela boca” quatro pares de peixes e dois chocos, caricaturas de personagens contemporâneas de Bordalo publicadas em primeira mão nos jornais O António Maria e O Besouro. Já o formato da gravação a laser sobre melamina, a partir dos desenhos originais, permitiu respeitar o traço do seu genial autor.

Tínhamos então belos desenhos acessíveis ao toque e próximos do olhar, bem como uma estrutura dinâmica e inteligível a um público alargado. Faltava ainda potenciar a provocação e a surpresa que entendemos nortear as criações de Bordalo Pinheiro. O som, que intuímos no ritmo das linhas, é o veículo privilegiado daquelas duas dimensões: o visitante que se atreve a tocar os peixes suspensos é surpreendido por diferentes vozes que gritam divertidos “pregões do mar”.

O “Canções de Marear” está pronto a dialogar com os visitantes do Museu no espaço da Biblioteca, o local onde os desenhos publicados nos jornais, agora interativos, aguardam pacientemente por ganhar nova vida.

José Carlos Neves

*A instalação “Canções de Marear” inaugurou no dia 21 de Março de 2019, no DIA ABERTO ÀS UNIVERSIDADES, organizado pelo Museu Bordalo Pinheiro em parceria com a Universidade Lusófona, para celebrar o aniversário de Rafael Bordalo Pinheiro, a par de outras iniciativas.