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BORDALO À MODA DO JAPÃO

Exposição-instalação no âmbito da presença de Lisboa na Expo de Osaka 2025

28 de Maio a 31 de Agosto de 2025

No âmbito da programação Osaka 2025, o Museu Bordalo Pinheiro-Lisboa Cultura apresenta na Casa Ásia – Coleção Francisco Capelo, da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, a partir de 28 de maio, uma exposição-instalação que aborda a influência do Japonismo na obra artística de Bordalo.

Além de duas cerâmicas, mostram-se trabalhos gráficos, na sua maioria para os jornais e almanaques, todos reproduzidos em ventarolas e através dos quais se exploram três vias: Bordalo protagonista japonês; À moda do Japão e Japonesices na caricatura. O mesmo tema faz eco no Museu Bordalo Pinheiro, onde estão expostos alguns dos originais que se encontram reproduzidos na exposição-instalação.

Japonismo

Em 1868, depois do Japão se ter aberto ao Ocidente, dando início ao período Meiji, começaram a chegar grandes quantidades de artefactos: porcelana, leques, sombrinhas, quimonos e, sobretudo, gravuras. Serviram para a divulgação de motivos decorativos, como bambu, cerejeiras em flor, penas de pavão, carpas, etc., que foram utilizados pelos artistas ocidentais. Reproduzidos nos periódicos, ganharam um enorme protagonismo, tendo suscitado uma moda, onde se destacam as artes decorativas. Nos anos 80, o japonismo alcançava o auge e influenciava a obra de muitos artistas, incluindo alguns portugueses.

Em grande acerto contemporâneo, Rafael Bordalo Pinheiro (1846-1905), notável caricaturista e escultor ceramista, também gozou a influência da estética do Japão na sua obra. Nos seus trabalhos gráficos é detetável a utilização da gravura japonesa (de Hiroshige e Hokusai) como motivo de inspiração. Também nos seus trabalhos em cerâmica se denota a mesma inspiração, produzindo peças de decoração depurada na pintura e na modelação.

Bordalo protagonista japonês

O autorretrato é uma forma de expressão constante na sua obra e o artista representa-se, algumas vezes, trajado como japonês, divertindo-se a fazer parte do tema escolhido. Enquanto caricaturista, Bordalo é sempre reconhecido pelos seus atributos, onde salientamos o monóculo e o porta-lápis. Foi durante o período que trabalhou no Rio de Janeiro (1875-79) que surgiu a sua primeira autorrepresentação de quimono e a desenhar o jornal (O Mosquito, 15.01.1876). De novo em Lisboa, entre vários exemplos, é de salientar uma capa para almanaque, onde se apresentou como japonesa barriguda, ao lado de Ramalho Ortigão e Guilherme de Azevedo, seus colaboradores literários e igualmente travestidos (Almanach do António Maria para 1882).      

À moda do Japão

O trabalho gráfico de Bordalo espelha a influência da gravura japonesa na composição do desenho, no uso de cores vivas e no contorno da figura a preto. Encontram-se vários elementos japoneses representados, por exemplo: o bambu, o lírio e a cegonha (em substituição do grou) em capas de almanaques ou numa primeira página de jornal (O António Maria, 1.01,1880); o mon (emblema), com o crisântemo imperial, num menu de jantar (1882); e ramo florido e pássaro, desenhados em azulejos a fingir nas ações da Sociedade Anónima da Fábrica de Faianças das Caldas da Rainha (1884), que ajudou a fundar e da qual foi diretor artístico. O artista acrescenta-lhes, sempre, o seu humor. 

Japonesices na caricatura

Bordalo serviu-se da representação de ventarolas para a narrativa de crítica política e social, onde caricaturou diversas personalidades travestidas, incluindo a sua personagem Zé Povinho, enquanto “retrato” coletivo do povo português. São de destacar duas páginas centrais dos jornais, com uma grande ventarola, em época de calor: no Rio de Janeiro, justifica-se escrevendo “porque não tendo o mérito de os fazer rir – terá ao menos a utilidade de os fazer refrescar. Corte-se o papel. – Pinte-se e cole-se em caninhas à moda do Japão. – e refrescará.” (O Mosquito, 15.01.1876); e em Lisboa, fingindo querer escapar à vigilância e controle, numa litografia colorida que teve um efeito surpreendente, aumentando a sátira (O António Maria, 14.07.1881).

Até os caracteres da escrita japonesa, ou a sua sugestão, foram usados ao serviço do humor. O que torna o trabalho de Bordalo invulgar é, precisamente, ter conseguido conciliar esta corrente orientalista com o seu genial humor. 

Datas
De 28 de maio a 31 de agosto

Inauguração
28 de maio (hora a definir)

Local
Casa Ásia – Coleção Francisco Capelo, da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa
Largo Trindade Coelho 22, 1200-399 Lisboa

Organização
Museu Bordalo Pinheiro