BORDELLO

O Museu Bordalo Pinheiro inaugurou no passado dia 3 de março, pelas 18h00, a exposição BORDELLO. Ao que isto chegou: uma retrospectiva, de Hugo van der Ding. Esta exposição, resultante de uma parceria entre o museu e o estúdio de impressão e design Lavandaria, traz um dos autores mais divertidos da atualidade ao museu mais divertido de Lisboa, através de uma mostra de desenhos originais do autor, prints em serigrafia, cerâmicas e escultura em papel.

Meus queridos, antes de mais, uma referência a este lugar que é lindíssimo (lindissimi em italiano) que é, como podem ver, uma loja que vende loiças, assim faz de conta uma Pollux. Se não conhecem perguntem às vossas mães, avós, periquitos, não quero saber, mas informem-se, até porque nas vossas casas têm de certeza um açucareiro em forma de coentro, xuxu, agrião, tomate cherry, ou até mesmo uma maçaneta de porcelana em forma de p…. Não interessa! O que interessa aqui saber, é que esta é a morada que o Hugo van der Ding, pai do neo-fauvismo- renascentista, escolheu para expor este trabalho formidável.O neo-fauvismo-renascentista, é uma corrente artística que nasce duma revolução da arte do género da nossa “questão coimbrã” (se não sabem vão estudar que isto é matéria de 9o ano) mas na Colômbia, chamando-se assim “a questão Colombã”, que era uma coisa que estava relacionada com pombos Cólómbuz em espanhol.Nesta exposição, de inspiração claramente paleolítica, o nosso artista, oferece-nos uma leitura intimista (intimissimi em italiano) e actual, de algumas peças do Bordalo Pinheiro. Da pintura à escultura, o rapaz faz tudo, realmente é uma pessoa que não há nada a dizer, deixando-nos pasmadíssimas diante deste reflexo do sublime.Eh pá, peço-vos, se faz favor que não mexam em nada porque se não nunca mais vos trago a lado nenhum.
Dra. Regina (Vasco Pereira Coutinho)

Hugo van der Ding (1979) nasceu com o nome Paavo Nurmi em Port-au-Prince, filho do segundo secretário do consulado-geral da Finlândia e de mãe haitiana, diz-se que descendente do herói da Revolução do Haiti, Toussaint Louverture. Ainda que, por um erro administrativo, tenha sido registado com nacionalidade vietnamita. Fez os primeiros estudos na República Dominicana e depois, com uma bolsa da Betty Ford Foundation, estudou Arquitetura de Interiores em Bogotá. Em 1992, foi raptado pelas FARC, confundido com o filho de um banqueiro mexicano. Desfeito o engano, ainda viveu outros cinco anos na selva colombiana, como namorado de um dos guerrilheiros. Ou dois, vá. Entretanto, torna-se informador do FBI. Quando é descoberto, entra para o programa americano de proteção de testemunhas e depois para o programa americano Good Morning America da cadeia de televisão ABC, como anotador. É por esta altura que adota o nome Hugo van der Ding, numa homenagem ao famoso poeta indonésio. Em Nova Iorque tem uma série de trabalhos: foi fotógrafo, mula de droga, maître num restaurante de luxo e diretor da edição venezuelana da revista Vogue. Muda-se para Portugal em 2005 e, nesse mesmo Verão, sofre um acidente com uma ceifeira-debulhadora que o deixa com imensa vontade de rir. Mentalmente instável e legalmente inimputável, tem vindo a desenvolver importante obra gráfica misturando as suas raízes europeias com as caribenhas, misturando colagens com acrílicos e misturando comprimidos com vinho de pacote. Chega agora às paredes do Museu Bordalo Pinheiro — em parceria com a Lavandaria, que fez a maior parte do trabalho — com a sua décima terceira exposição individual.

Este evento conta com o apoio d’A Casa do Arrabidine e da Associação Nacional de Empresas de Bebidas Espirituosas (ANEBE).