Artistas em residência no Museu Bordalo Pinheiro | 1ª edição
13 de Setembro a 20 de Outubro de 2021
Adultos, Famílias, Jovens
O Museu Bordalo Pinheiro acolheu, entre os dias 13 de setembro e 20 de outubro de 2021, a primeira edição do programa de Residências Artísticas Bordalo Pinheiro, iniciativa lançada pelo Museu no verão de 2021 que tem como objetivo promover a produção artística contemporânea, relacionando-a com a obra e o pensamento de Rafael Bordalo Pinheiro, e estimulando o contacto entre os artistas em residência e os públicos do Museu.
Os artistas Ana Fonseca, Francisco Trêpa, Mariana Barros e Rita Leitão, foram os primeiros artistas selecionados a participar neste programa. Durante o período de residência ocuparam quatro salas do Piso 1 do edifício principal do Museu, onde desenvolverão os respetivos projetos.
No dia 1 de outubro, realizou-se um Dia Aberto às Residências, com programação variadas, desde performances a um enorme desenho coletivo, que permitiu ao público do museu conhecer melhor o trabalhos dos quatro artistas.
Entre novembro e dezembro de 2021, a exposição FRAM, que reuniu os trabalhos resultantes destas residências, esteve patente ao público nas galerias do Museu Bordalo Pinheiro.
ANA FONSECA
Ana Fonseca (São Paulo, 1978) vive e trabalha em Lisboa. A artista plástica licenciou-se na Middlesex University, em Londres (2003), e estudou ainda no Chelsea College of Arts Foundation in Art and Design, também em Londres (1999-00). Expõe desde 2006, destacando-se De casa para o mundo, Bienal de Cerveira, 2020; CONTINGERE, galeria Cisterna, 2020; Master baker, Sociedade nacional de Belas artes, Lisboa, 2019; “studiolo XXI: desenho e afinidades”, fundação eugénio de almeida. Évora, 2019; a performance “Alegoria do Valor e do Merecimento”, Palácio Nacional da Ajuda (2015); Pega Doméstica, Museu Nacional Soares dos Reis e Quase Galeria, Porto, 2014; e “Almack’s#1”, peça em exposição no Museu Nacional dos Coches (desde 2011). Da sua bibliografia destaca-se o livro The word is art (Thames and Hudson, 2018). A sua prática artística é transdisciplinar, onde o desenho tem um papel central.
Durante a residência, Ana Fonseca propõe desenvolver o projeto artístico J-U-S-T-I-Ç-A, cujo ponto de partida é a análise e o questionamento sobre o impacto da iconografia da justiça na afirmação de um ideal de justiça e a sua presença em edifícios oficiais. A reflexão sobre as questões relacionadas com a justiça e a legitimação do poder para julgar, em contraponto com a declaração dos direitos da humanidade, servem de matéria-prima na construção de diferentes obras artísticas que vão referenciar o passado para comentar os eventos da atualidade.
Ana Fonseca pretende apresentar uma série de performances intituladas O Rosto da Justiça: uma obra colaborativa onde o público é convidado a criar o rosto da justiça real e o rosto da justiça ideal.
FRANCISCO TRÊPA
Francisco Trêpa (Lisboa, 1995) formou-se, inicialmente, no Curso de Cerâmica da Escola Artística António Arroio (2010/2013). Licenciou-se em Escultura na Faculdade de Belas Artes da Universidade de Lisboa (2014/2017). Encontra-se a terminar o Mestrado em Arte Multimédia na Faculdade de Belas Artes da Universidade de Lisboa (2019/2021). Desde 2015, participa em exposições com regularidade, destacando-se a exposição individual THE ELEPHANT GOT IN THE ROOM AND NEVER LEFT, Duplex Air (2021), e as exposições colectivas THE STRAW THAT BROKE THE CAMELS BACK, Swab Art Fair (2021), Barcelona; VOO DUPLO, Galeria Diferença, Lisboa (2021); I WILL TAKE THE RISK, Azan – Tomaz Hipólito studio, Lisboa (2020); LET US FLOP, Duplex Air, Lisboa (2020); 1a EDIÇAO PRÉMIO PAULA REGO, Casa das Histórias, Cascais (2016); XXXIV FIDEM BELGIUM CONGRESS OF ART-MEDALS, Gent, Bélgica (2016); NEW IDEAS in MEDALLIC SCULPUTURE, Rack and Hamper Gallery, Nova Iorque, EUA (2014).
Durante a residência no Museu Bordalo Pinheiro, Francisco Trêpa propõe um trabalho pensado e executado segundo um dos mais carismáticos fundamentos da obra de Bordalo Pinheiro, o humor. Como fazer um objecto, um vegetal ou um animal ter piada? Conseguimos rir-nos e achar cómico algo que nunca fará algum tipo de piada? Estas questões servem de base ao trabalho proposto por Francisco Trêpa nesta residência. Assim, uma “família” de objetos de cerâmica, que tem vindo a construir para projectos independentes, será reunida no Museu Bordalo Pinheiro. Propõe-se que o trabalho se debruce sobre duas frentes aparentemente distintas, mas complementares. Pretende-se, por um lado, trabalhar sobre o excesso, a acumulação, o transbordar dos limites singulares do objeto, e, por outro lado, há o intuito de trabalhar sobre o vazio, a ausência, o mergulhar no espaço declaradamente oco.
MARIANA BARROS
Mariana Barros (Goiania, 1989) é uma artista multidisciplinar brasileira que vive em Lisboa. Produz profissionalmente desde 2007, cruzando áreas como o teatro, a dança, a arte sonora, as artes visuais e a educação artística, com foco em obras performativas sobre corpo-imagem, corpo-objecto, corpo-cidade, corpo-novos media, kitsch e subjetividades. Coloca-se em fluxo de diálogo fisico e intelectual para a liberação do corpo das convenções que amarram qualquer linguagem artística. Pensa o movimento enquanto produção de imagem, trabalha a expansão da atitude expressiva enquanto máxima artística. Já realizou mais de 50 performances desenvolvidas em galerias, festivais e bienais na América Latina e na Europa, além de espetáculos musicais, teatrais, exposições e outros.
Nas Residências Artísticas Bordalo Pinheiro, Mariana Barros irá desenvolver o projeto Soluços da Terra com o intuito de explorar a composição de imagens e objetos em via artesanal analógica. Novos motivos poéticos/estéticos de sobrevivência para libertar-se da superfície. Criação de colagens, intervenção em receptáculos, sobreposição e afeto. A artista tenciona agregar, dialogar e unir a sua obra aos motivos artísticos de Rafael Bordalo Pinheiro, através da poética inovadora da colagem, técnica que acompanha os tempos, busca outras soluções pictóricas dando ênfase à materialidade da imagem com relações semânticas de outra ordem. Alinhada em produzir a partir de temas já familiares, como humor, defesa dos ideais e humanidade, a fim de estampar áreas do Museu com tal reprodutibilidade técnica, inspirar e fomentar a colagem e artes gráficas na cultura portuguesa.
RITA LEITÃO
Rita Leitão (Lisboa, 1998) é licenciada em Pintura pela FBAUL, tendo estudado na Faculdad de Bellas Artes UPV/ EHU, Bilbao. Durante o seu percurso participou em diversas exposições coletivas, destacando “Elogio da Matéria”, SNBA Lisboa (Janeiro 2019); “Jantar de Família”, Museu da Cerâmica, Sacavém (Novembro 2020) e “Coletivo Casa Rosário”, Cascais (Maio 2021). Entre Agosto de 2020 e julho de 2021 foi artista residente na Fábrica Moderna (Lisboa). Em Agosto de 2021 inaugurou a sua primeira exposição individual, “Bem-Vindo a Casa”, no CAT, em Tavira.
A proposta de Rita Leitão para esta residência recai numa reflexão acerca dos objetos domésticos do contemporâneo à luz de Bordalo Pinheiro. As questões que residem na problemática da representação destes objetos ocuparão um lugar de destaque no decorrer da residência, propondo a artista emergir no espólio do artista. De que forma aqueles objetos nos servem? E se as suas propriedades fossem alteradas, que papel teriam? É sob este espírito que a artista pretende repensar e reinterpretar os objetos comuns que atraíram o artista na sua obra, aprofundando tais ironias e até denúncias.
FRAM. Exposição dos artistas residentes no Museu Bordalo Pinheiro
Duração da residência: De 13 de setembro a 20 de outubro de 2021