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Artistas em residência no Museu Bordalo Pinheiro

Mariana a Miserável, Pablo Quiroga Devia, Rui Horta Pereira e Sreya

6 de Junho a 7 de Julho de 2023

Adultos, Famílias, Jovens

O Museu Bordalo Pinheiro acolhe, entre os dias 6 de junho e 7 de julho de 2023, a 3ª edição do programa Residências Artísticas Bordalo Pinheiro. A iniciativa, lançada pelo Museu no verão de 2021, tem como objetivo promover a produção artística contemporânea, relacionando-a com a obra e o pensamento de Rafael Bordalo Pinheiro, e estimulando o contacto entre os artistas em residência e os públicos do Museu.

Mariana a Miserável, Pablo Quiroga Devia, Rui Horta Pereira e Sreya são os quatro artistas participantes nesta 3ª edição programa. Os quatros artistas irão expor nas galerias do museu os trabalhos resultantes da residência a partir do mês de julho.

Conheça aqui os quatro novos artistas residentes.

MARIANA, A MISERÁVEL

Ilustradora, em 2008 concluiu a licenciatura em Design Gráfico pela Escola Superior de Artes e Design das Caldas da Rainha e em 2011 frequentou o Mestrado em Design Gráfico e Projectos Editoriais pela FBAUP. Desde 2010 vive e trabalha na cidade do Porto, a partir da qual se dedica exclusivamente à ilustração: desenvolve exposições individuais e colectivas, bem como inúmeros outros projectos nesta área: livros, publicações de pequenas tiragens, posters, agendas, murais, revistas e jornais.

É preciso imaginar Sísifo feliz é o título da proposta de Mariana, a Miserável para esta residência. Sísifo é o anti-herói. Descrito na Ilíada de Homero (6:153) como o mais trapaceiro dos homens, conseguiu fintar a morte duas vezes recorrendo a mentiras e a métodos engenhosos para contornar a vontade dos deuses. Por esse motivo, ele foi condenado a uma tarefa impossível de completar, contínua e eterna. Apesar de não encontrar sentido no seu castigo de colocar a pedra no topo da montanha, ele é consciente da sua condição e continua a executá-la diariamente. A tarefa contínua e eterna de Sísifo remete-nos para questões existenciais ou contemporâneas, como o propósito da vida ou as rotinas a que estamos todos sujeitos, com incontornável tendência para o absurdo. No entanto, o castigo infligido a Sísifo é, por si só, uma forma deste ludibriar uma vez mais a morte e fazer prevalecer a sua vontade. Sísifo vence porque o seu destino lhe pertence, porque extrai dessa experiência absurda a sua liberdade. A liberdade de poder desprezar esse tormento. E por essa razão, no seu ensaio filosófico “O Mito de Sísifo”, Camus conclui que é preciso imaginar Sísifo feliz. Partindo de um lugar de empatia com Sísifo, será interessante explorar o seu castigo interpretando-o do ponto de vista humorístico. Porque há sempre alguma tragédia na base do humor e o humor salva-nos da nossa tragédia, da ausência de explicação para o sentido da vida, da consciência das limitações da dimensão humana. Através desta Novela ilustrada de Sísifo, a artista propõe trazer Sísifo para mais próximo de nós, tornando-o mais terreno, leve, cómico.

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PABLO QUIROGA DEVIA

Pablo Quiroga Devia (Paris, 1990) é um artista colombiano, que atualmente reside e trabalha em Lisboa. É licenciado em Artes Plásticas pela Universidad Nacional de Colômbia (2015), com mestrado em Escultura em espaços públicos na FBAUL (2020)
e estudos na Universidade de São Paulo (ECA). Participou em dezenas de exposições, individuais e coletivas. O seu trabalho aborda a noção de paisagem urbana e rural a partir de resíduos encontrados no solo, utilizando fragmentos de coisas que procura nas cidades e estabelecendo associações híbridas entre essas imagens e o lugar.

Nesta residência, Pablo propõe trabalhar o Zoomorfismo e a Teriantropia através do desenho. O projeto reflete sobre os animais que Rafael Bordalo Pinheiro utiliza na sua obra, reinterpretaando a simbologia que está presente em cada um deles. Utilizará, à semelhança de Bordalo, a paródia e a ironia através do desenho como ferramentas para refletir sobre o comportamento humano na sociedade. O zoomorfismo também será uma ponte para experimentar visualmente as formas que o
corpo humano pode fazer para se parecer a diferentes animais, e assim criar um jogo visual entre diferentes posições do corpo e entre as suas partes com outras espécies.

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RUI HORTA PEREIRA

Rui Horta Pereira (Évora, 1975) é formado em Escultura pela FBAUL. Desde 2000 que o seu trabalho se centra sobretudo na escultura e no desenho, de como a construção do processo criativo não está desassociada da acção do criador, em todos os seus aspectos éticos, sociais, ambientais, e como essa relação se poderá concretizar de forma eficaz. Tem vindo a explorar e expandir o território do desenho, ao qual tem dedicado uma parte substancial da sua investigação artística e criativa, tanto na sua componente formal como nas reflexões teóricas que sugere. Desenvolve igualmente diversas actividades como mediador, provendo ateliês, oficinas, e visitas com diversas instituições e associações entre as quais FCG, CCB, Associação Pó de vir a ser, ou Porta 33. Expõe com regularidade desde 2010. É representado pela Galeria das Salgadeiras.

Nesta residência, Rui Horta Pereira apresenta Usar as mãos, um projeto de ação. Pretende criar vários registos em stop motion que traduzam e documentem, distintas manipulações da matéria, seja orgânica ou química, em suportes para tal preparados. Dos suportes intervencionados poderão realizar-se cópias se a sua resistência o permitir. Para que possam constituir-se, a par dos filmes, como obras finais per si. No entanto, o foco do processo é, a experimentação e o uso de elementos que permitem a metamorfose, seja pelo uso de um método gráfico ou escultórico.

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SREYA

Sreya (Lisboa, 1988) faz música, cerâmica, grafitti, escreve e ilustra. É licenciada em design de moda pela Univ. da Beira Interior. Em 2015, criou a marca Halfish, onde apresenta projetos de ilustração, prints em vestuário, cerâmica em joalharia e cerâmica utilitária. Inicia o seu percurso musical em 2019, com o álbum Emocional, que conta com dedadas de Conan Osíris. Segue-se Cãezinha Gatinha, em 2020. Define o seu trabalho artístico como sendo “representativo e figurativo, mas não naturalista, já que geralmente representa memórias mais ou menos deformadas ou fantasiadas e, neste caso, um consciência interior e não do mundo exterior”.

Em Mesas Emocionais, a proposta de Sreya para esta residência, a artista pretende aprofundar um tema que tem vindo a ganhar forte simbolismo no seu corpo de trabalho nos últimos anos: a mesa. “Através da pintura, desenho e escultura cerâmica, organizo e estruturo os meus pensamentos em cima da mesa, literal e representada, analisando os meus próprios comportamentos e emoções, criando assim uma localização exterior ao meu consciente para melhor distinção emocional de mim própria.” Assim, a artista propõe um olhar criativo e original sobre um dos temas queridos a Bordalo, a mesa de refeições, aqui vista como suporte de emoções e sensibilidades, recorrendo à pintura e à escultura cerâmica.

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Duração da residência: 6 de junho e 7 de julho de 2023

Exposição: A partir de julho de 2023. (data a anunciar)

Conheça os artistas participantes na primeira (2021) e segunda (2022) edições das Residências Artísticas Bordalo Pinheiro, e as exposições resultantes destas duas edições das residências: FRAM e T4 para obras.